segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Black

O Black nasceu em 1975, no dia 13 de Novembro, em Oeiras. Morreu 17 anos depois, em Oeiras também, por isso penso que tenho sido em 1993, mas disso já não tenho bem a certeza.

Teve uma longa vida, para cão, e penso que boa também.

Começou por ser escolhido ainda na barriga da mãe. Depois de ter nascido foi preterido pelos supostos donos e, por isso, acabou por me vir parar às mãos. Eu era para ter ficado com o irmão dele, que era mais feio, mas tinha pedido para ficar com o Black assim que o vi. Tinha a barriga, as patinhas e a pontinha da cauda brancos e o resto era todo preto e daí o nome. Só com a idade é que apareceram algumas marcas castanhas no corpo, entre o branco e o preto, mas a cauda teve sempre a pontinha branca, parecia um pincel.

A primeira partida que o Black me pregou foi ter ido, para aí com umas 6 semanas (estava comigo desde as 4), com o Orlando para a praia do Moinho, à pesca. O combinado foi eu ir ter com eles mais tarde só que quando lá cheguei, não havia sinal de Black!!! Fiquei aflita sem saber dele e voltei logo para casa, onde ele estava muito satisfeito da vida à minha espera. Por incrível que pareça, tinha resolvido vir-se embora da praia, atravessando a marginal (naquela altura com muito menos trânsito que hoje, ainda bem).

O Black passou por imensas tropelias na sua vida, foi atropelado por uma mota e ficou coxo para sempre, mas quando se esquecia que era coxo ou a situação se tornava mais complicada, aquela pata ia ao chão e andava como as outras.

Passava dias seguidos sem comer, porque alguém se esquecia de lha dar e só quando perguntavam se ele tinha comido é que se lembravam. Mas ele não se perdia, como andava sempre na rua, ia comendo aqui e ali os restos dos caixotes do lixo. Metia-se em grandes embrulhadas com outros cães, por causa das cadelas e vinha todo ferido e porquíssimo para casa, dias depois.

Uma vez roubou um grande naco de carne que estava em cima da mesa da cozinha, mas como aquilo era grande demais ficou especado a olhar para ele e a nossa mãe recuperou a carne a tempo…

Com o passar dos anos foi gostando cada vez mais do aquecimento e era vê-lo a dormir em frente dele na sua caminha de verga os dias inteiros.

Ratos, ratazanas e gatinhos pequenos tinham todos o mesmo destino. Do carteiro não tinha medo, mas esperava que ele virasse as costas para o morder.

Se havia coisas que o Black gostava, era da hora que eu chegava do trabalho. De segunda a sexta, às 6 da tarde, lá estava ele à porta de nossa casa à minha espera. Não me perguntem como é que ele sabia, mas sabia. E quando eu o começava a ver lá ao longe sentado na estrada, começava a assobiar e ele vinha a correr ter comigo até à porta da Fundição. Metia logo o focinho no meu saco, para ver se eu trazia alguns ossitos do almoço para ele. Era sempre uma grande festa.

Quando se mudou com a família para Santo Amaro, era vê-lo atravessar a ponte do comboio para voltar a Oeiras e no primeiro dia em que andaram à procura dele, foram-no encontrar à porta da antiga casa onde estava à espera para entrar. Depois, lá se habituou à nova casa.

Em 1986, pelo Natal, resolvemos comprar-lhe uma companhia. Pensámos que ele já estava velhote e não iria durar muito mais tempo, por isso o Bolshoi apareceu e durante quase 7 anos foram grandes companheiros. O Bolshoi era imponente e metia medo com a sua figura, mas o Black é que era o que mordia e ladrava!

Quando adoeceu de velho e se tornou impossível mantê-lo vivo, optou-se por se mandar abater.

Foi levado de carro, com a Mã e o Miguel, mas estava tudo muito atrasado no veterinário, de modo que voltaram para casa. A Dina estava na sala e viu o cão voltar muito feliz da vida, parecia que tinha rejuvenescido! Ela até pensava que tinha visto um fantasma!

Morreu passados uns dias, mas eu nunca esquecerei aquele bicharoco mais fofo, mais lindo que me acompanhou na minha adolescência (e não só).


Beta

1 comentário:

Laura disse...

Grande história do Black gostava de o ter conhecido devia ser querido, já o vi em fotos mas acho que nunca o pôde ver na realidade infelizmente. Pela descrição devia ser um cão maroto.
Ah já me esquecia! Queria dizer que não tenho estado tão presente neste blog porque tenho muitos tpcs e agora dois blogs,também as tardes preenchidas(muito trabalho).