segunda-feira, 8 de junho de 2009

Migalhinhas


Esta noite sonhei com ele. Deve ter sido porque fez ontem anos e não lhe pude dar um beijinho. Mas quando sonhei ele era ainda pequenino, devia ter uns dois anitos e corria com aquela franjinha fininha a saltitar-lhe sobre a testa. Parecia um periquito como dizia o Orlando, não sei bem porquê.

Infelizmente, não me lembro de quando ele nasceu. Só me lembro da Dina, provavelmente por eu ser mais velha nessa altura e o facto de ser menina ter tido tanto significado para mim. Mas lembro-me muito bem dele, de me parecer um pardalito abandonado no meio de tanta criança. Sempre foi aquilo que o meu Migalhinhas me pareceu. E, no entanto, cresceu e cresceu bem. Fez-se homem e escreve como eu gostaria de escrever.

Quando o Fred nasceu, eu pedi à Mã para ele “ser o meu filho, porque ela já tinha muitos”. Serviu-me de emenda, porque quando o Miguel nasceu já não pedi. Não era (ainda) para mim, a altura de ter de acordar de noite (se bem que acordasse quando eles choravam), de dar banho, de pegar neles (o Fred era tão pesado que eu nem sequer conseguia), de mudar fraldas. Provavelmente por isso, quando o Miguel nasceu, a Ana olhou mais por ele do que eu. Ela tinha a idade que eu tinha quando nasceu o Fred e por isso compreende-se.

Tive pena de acompanhar pouco o crescimento dos meus irmãos mais novos, a adolescência deles. Eles eram os “3 mais novos” e nós, os “4 mais velhos”.

Ainda hoje são os meus “pequeninos”, apesar de serem maiores que eu (a Dina não!).

Mas todos têm lugar no meu coração e por isso, apesar de atrasada um dia, não quero deixar de dar os meus Parabéns ao Miguel, o meu sempre Migalhinhas!

Um beijo
Beta

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Dina


Faz hoje precisamente 40 anos e lembro-me tão bem, tão bem, como se só tivessem passado alguns minutos.

Devia ser perto da uma da manhã quando o Pai me foi acordar a dar a novidade: “Bettina, Bettina, é uma menina e correu tudo bem!”. Sorri para dentro, satisfeita por ser mesmo uma menina como eu tanto queria, e voltei a adormecer.

Lembro-me também de ter pensado logo no bacio cor-de-rosa que estava dentro do meu roupeiro à espera da menina e que tinha servido para, no Carnaval, servir a mousse de chocolate. Tinha umas florinhas pequeninas em volta.

Uns meses antes, em Dezembro, pelo Sinterklaas, os pais tinham-nos dito que a prenda dessa vez vinha mais tarde, só lá para o Verão. E eu, com dez anos apenas, fiz as contas e comecei logo aos saltos e a dizer “É um bebé! É um bebé!” Como se um bebé fosse uma grande novidade naquela casa sempre tão cheia deles. Mas foi o último da nossa geração.

E a minha Menina faz hoje 40 anos. E parece que foi ontem! Parabéns!

Parabéns também à Manuela, claro! Não me podia esquecer dela nunca, faz anos no mesmo dia!