Agora que os descendentes dos Poole que vieram para Portugal, há mais de um século, regressam a Inglaterra e que o primeiro volta a nascer nesse lugar, é bom fazer uma retrospectiva da sua passagem pelo nosso país nos séculos XIX e XX.
O que aqui escrevo vale-se sobretudo de histórias contadas pela minha avó e pela minha mãe e por tudo o que consegui guardar na minha memória, que dizem ser muito boa. Para ficar para a posteridade e não se perder a informação.
A avó Henriqueta (Maria Harriet Poole de nascimento), minha bisavó, já nasceu no nosso país, 9 de Março 1865, na Batalha. O avô Henrique, mais velho um bom par de anos, nasceu a 1 de Janeiro 1858 em Oliveira de Azeméis. Casaram-se em S.Brissos, Montemor-o-Novo a 25 de Maio de 1880(?)), e trouxeram para Lisboa uma fortuna com ele, proveniente de minas. Com esse dinheiro compraram uma quinta em Benfica, por onde passa agora a 2ª circular.
Quando casaram, a minha bisavó pouco mais tinha do que 15 anos. A tia Laura, (nascida em 9 março 1882 em S.Tiago do Escoural, Montemor-o-novo) primeira filha deste casamento (antes houve em 1881 o Ernesto, que morreu bebé), nasceu, tinha a avó Henriqueta, 17 anos. Mas eu sei disto, porque diziam-me que a avó Henriqueta tinha menos diferença da filha mais velha do que esta tinha do irmão mais novo. E irmãos foram muitos. Sobreviventes, ou que chegaram pelo menos à maioridade, foram a Laura, o Leopoldo, o Avelino, o Ernesto, o Henrique (que morreu com 21 anos provavelmente de tuberculose), e a Alice. Mas os filhos do casal foram muitos mais: Ernesto 1881 (morreu com 0 anos), Laura 1882-1947, Leopoldo 1885-1933, Henrique 1886 (morreu com 3 anos), Henrique (?) 1890 (morreu com 0 anos), Alice 1892 (morreu com 3 anos), Henrique 1894-1920 (morreu aos 26), Avelino 1898-1972, Alice 1900-1964, Ernesto 1904-1970). Um deles morreu afogado num tanque da quinta, os outros com doenças que eram fatais na altura. Eu só conheci a 2ª Alice, o Avelino e o meu avô, o Ernesto. Todos morreram antes dos 65 anos, menos o Avelino que resistiu mais alguns anos.
Do que me foi dito, a avó Henriqueta teve também um irmão, o Thomas (nascido a 25 de Novembro de 1860, em Borba), que emigrou para a América e de quem nunca mais se soube. Com as possibilidades que há hoje de pesquisa através da Internet, pode ser que se encontre alguma coisa, mas há tantos Poole nos EUA que se me afigura difícil descobrir. Além do mais que não se sabe quando nem como ele foi, e se foi realmente.
Os pais da avó Henriqueta foram Thomas Poole, nascido em Inglaterra, Londres (?) e Maria da Conceição Ribeiro, nascida em Oliveira de Azeméis. Os pais de Thomas foram John Poole e Elisabeth Reader.
Dos sobreviventes, a Laura e a Alice nunca casaram (segundo dados que tenho, a Laura casou-se aos 30 mas não sei com quem, mas deve ter sido sol de pouca dura…). A Laura foi mais mãe dos irmãos e dedicou-se-lhes pela vida fora. A Alice era uma pessoa estranha, tinha uma ar mais estrangeiro, uma madeixa loura no cabelo e tinha de ser sempre a última a deitar-se naquela casa. Acho que foi o meu avô que tentou uma vez deitar-se depois dela e esperou até às 3 ou 4 da manha sem o conseguir; ela tinha sempre que fazer! Ela viveu na quinta até ao final dos seus dias, rodeada de gatos, gatos, gatos. Mesmo quando a quinta foi expropriada, ela conseguiu manter-se lá até adoecer e morrer no hospital (com um cancro, acho eu).
O Leopoldo casou (em Agosto de 1912 com Maria Augusta Martinho) e teve dois filhos, o primeiro morreu novo com tuberculose (nasceu em 1914 e morreu em 1924, e chamava-se Fernando Martinho Poole da Costa), e o segundo ainda é vivo, chama-se Ruy, foi casado com a Mimi, que já faleceu, e tem dois filhos – o Leopoldo e a Teresa.
O Avelino casou com a Maria Luísa (da Silva Basto, em 31 Março 1929) e teve dois filhos, o primeiro (mais um Henrique, da Silva Basto Poole da Costa, morreu com 1 ano. Por isso é que os primos ficaram horrorizados quando souberam que o filho do Fred se chamava Henrique, pois achavam que o nome trazia azar, mas o Paulo também é Henrique e ainda está bem vivinho da Silva, se bem que a avó Dicta ficou horrorizada com a ideia quando mã resolveu pôr-lhe esse nome) morreu novo e o segundo ainda é vivo, chama-se João (João Pedro, nascido a 29 Abril 1932) e tem 3 filhos – a Madalena (16 Março 1959) e a Isabel (1964) do primeiro casamento (com Leonor Amado) e o Pedro Henrique (outra vez!) do segundo casamento, no Brasil, nascido em 1978 fruto do casamento com a Sra. de apelido Fay-Cahen.
O Ernesto casou com a Maria Benedicta (os meus avós), e tiveram dois filhos, o José Avelino, que já faleceu, que casou com a Maria Manuela e que tiveram 3 filhos, a Cristina, o Jorge e a Maria João (Pitorra) e a Maria Tereza (minha mãe) já falecida, e que casou com o Arie e que tiveram 7 filhos – eu, o Paulo, a Ana, o Pieter, o Fred, o Miguel e a Dina.
Aliás há uma história que a minha avó me contava: quando o Leopoldo ia ser pai pela segunda vez, foi-o de um rapaz e o primeiro morreu; quando o Avelino foi pai pela segunda vez, foi-o de outro rapaz e o primeiro morreu. Resultado: quando a minha avó ficou grávida pela segunda vez, meteu-se na cabeça que, se fosse um rapaz, o primeiro iria morrer e por isso fez uma promessa à Santa Teresinha que, se tivesse uma menina, lhe poria o nome de Tereza. Por isso a minha mãe foi Tereza.
Lembro-me muito bem da altura em que a quinta foi expropriada pela Câmara de Lisboa, para construção da 2ª Circular. Nessa altura já só estavam vivos o Avelino, o Ernesto e a Alice, de modo que, o meu avô comprou um prédio na Venda Nova, e arranjou um dos andares para a Alice ir para lá morar, mas ela nunca o chegou a habitar.
Antigamente era normal só os filhos homens herdarem, mas, caso as filhas não fossem casadas, teriam de ficar à responsabilidade dos irmãos. Ao meu avô Ernesto calhou a Alice, por isso ele arranjou aquele andar que eu conheci todo mobilado para a irmã.
Durante muitos anos passei pelo viaduto de acesso à 2ª circular e via as ruínas do edifício que tinha sido a Casa da quinta, até já só ficarem presentes na minha memória.
Um dia destes quando perto do Colombo, a pé, reparei que o monte, metade do qual pertencia à quinta, ainda lá está com algum casario que não sei de quem é.
Estas são algumas das memórias que guardo. Mais virão com certeza. Aqui contarei.
E obrigada pelas correcções do Fred, que me foram muito úteis na elaboração deste texto!!!!
Beta
6 comentários:
Nunca tinha ouvido estas histórias!
Obrigada por essa prodigiosa memória...
Sandra, há muitas mais, mas nem sempre me lembro delas quando estou a escrever. São sempre mote para novo post, não é?
está óptims esta breve síntese da história da família Poole. Só quero acrescentar, para a não deixar caír no esquecimento, a existência da Paula Poole, irmã da Harriet, e de cuja existência só há pouco tempo se soube.
Aqui é o Pedro Henrique Fay-Cahen Poole da Costa.
Filho de João Pedro da Silva Basto Poole da Costa e de Sylvia Maria Jeanne Pauline Fay-Cahen.
Ps.: Tão Europeu quanto vocês e brasileiríssimo com muito orgulho.
droperox@msn.com
A braços a todos.
Ola Pedro. Feliz de te conhecer...nunca tinha reparado neste comentário
Olá Beta! Organizando meus favoritos, por acaso encontrei esse link que havia salvo à época! Hoje eu tenho a alegria de ter o contato do Fred!
Um grande abraço,
Pedro Henrique!
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